quarta-feira, 26 de setembro de 2007

o homem e a cidade


o movimento interno das vísceras e dos sentidos
desfila no meio-fio que separa o passeio da rua

nas extremidades o homem e seus princípios desentendem-se
carne e asfalto são paralelas que se cruzarão no (in)finito

meias de lã e gravatas misturam-se a colchonetes sem abrigo
não há provimento possível para a desesperança

o silêncio dos passos cruza o barulho constante
rumo ao verso anti-penúltimo do poema

no instante anterior ao fim: cai o corpo entrelaçado ao chão
o personagem morre preso à própria alma

o organismo disfunciona as partes
a cidade vomita o homem e o devora