quinta-feira, 12 de outubro de 2006

poesia é matéria de ausência

A poesia não cumpre desejo impróprio a ela, morre presa, sem grito possível.
- Cava um diamante no verniz da porta! – a velha se repete se repete – Cava!
A poesia é feita de madeira a apodrecer, de entulho, como Manoel já disse: de resto.
A beleza da poesia está no que ela carrega de ausência.

(deixemos este espaço para a ausência da possível poesia que exista aqui)

É um pouco antes de iniciar a leitura de um parágrafo ou de um verso que ele começa a tomar forma.
Mas só de forma não se faz poesia. Por isso, às vezes muitos anos depois da mesma leitura é que se vai encontrar a ausência do parágrafo ou do verso, numa releitura, ou mesmo num pegar de ouvido.
A poesia tem uma relação estranha com o tempo.

Um comentário:

Anônimo disse...

Desejando interferir o mínimo possível no seu percurso, apenas exclamo: beleza de ensaio sobre a poesia! Continue o seu caminho, Vládia, feito de ausências, até literalmente falando.
Beijo grande,
Ana