poesia é coisa
nos arrasta
restos e lixos
poesia não se faz
captura-se o pó da coisa
e ao pó retornamos
sexta-feira, 29 de maio de 2009
quarta-feira, 20 de maio de 2009
ventania
ela abriu de sorriso os braços
subiu de pássaro
tomou seu olhar perdido entre os dedos
- é ventania, sabe?
subiu de pássaro
tomou seu olhar perdido entre os dedos
- é ventania, sabe?
fago(cronia)
sua mão dormindo sobre a mesa
devoro as rugas lentas
-onde foram parar as palavras mortas?
devoro as rugas lentas
-onde foram parar as palavras mortas?
renda-se
uma malha de furos numa tela. a luz atravessa. vasam declarações.
- não quero escrever à fina força
meu estômago dói.
- não quero escrever à fina força
meu estômago dói.
quarta-feira, 21 de janeiro de 2009
quando uma coisa atravessa outra
movimento agudo
ponti - agudo
de um lugar a outro
(es)paço que atravessa
ex- futuro penetrado
(lançado o olhar ao mar lançado)
âncora de bilhetinhos
memória ex- posta
aos lençois
emfarraposcotidianos
içados e outra vez
e outra vez e outra vez e outra vez
(lançados ao mar lançado)
ponti - agudo
de um lugar a outro
(es)paço que atravessa
ex- futuro penetrado
(lançado o olhar ao mar lançado)
âncora de bilhetinhos
memória ex- posta
aos lençois
emfarraposcotidianos
içados e outra vez
e outra vez e outra vez e outra vez
(lançados ao mar lançado)
quarta-feira, 19 de novembro de 2008
uma proposta para trilha de imersão
roteiro de passos,
um após outro,
percorrendo trilhas urbanas
multidão de formigas apressadas subindo e descendo, subindo e descendo, rolando escadas abaixo e acima, entrando e saindo de portas automáticas. seis da tarde, são paulo, estação da sé. as formigas andam em rebanho para dentro e para fora, correndo atrás de.
mapas distribuídos pela cidade informam a necessidade de se saber onde, e para onde.
olhares semi-vivos se cruzam apressados.
cada um é um si só a procurar um silêncio qualquer.
subterfúgio da agonia urbanóide esquizofrênica: o tempo não pára.
a voz anuncia o lugar do humano na cartografia, e não na climatologia:
“próxima estação...”
casacos nos abrigam do frio, da rispidez cotidiana, da exposição do corpo, do toque alheio. casacos e guarda-chuvas são proteções (des)necessárias à sobrevivência de um ser nu, recém-nascido para o rebanho de formigas.
é preciso demarcar lugares, traçar rotas de imersão, permitir sensações orgânicas de espasmo, afronhar-se no outro e respirar algo mais que a quota de poluição gratuita.
é preciso propor desmanches de palavras duras, de expressões ensimesmadas.
é preciso provocar afecto e permitir ser afectado para amassar o concreto e o cinza das estruturas.
sexta-feira, 26 de setembro de 2008
pistas para descaminhos
(trans)incitar, cruzar fronteiras
dissolver os pés na água do mar
pegar de vento à sombra das horas
(palavras intermináveis coladas umas às outras)
propor novos deslocamentos
com ombros estáveis, com mãos disponíveis
sob o ângulo dos remotos incontroláveis
(pistas para longos descaminhos)
desestruturar o uniforme
conter o quase-vazio diante de si mesmo
respirar o contato mútuo das retinas
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